Victoria’s Secret Fashion Show Retorna aos Desfiles com Inclusão e Diversidade após 6 Anos de Hiato
O Victoria’s Secret Fashion Show , icônico desfile da Victoria’s Secret, marcado por anos de controvérsias e debates sobre diversidade, está de volta ao cenário da moda após um hiato de seis anos. Com a promessa de uma nova era inclusiva, o evento reúne grandes nomes e traz uma proposta que busca reparar os erros do passado.
A Volta Triunfal do Victoria’s Secret Fashion Show
O “Victoria’s Secret Fashion Show” voltou à cena nesta terça-feira (15) em Nova York, prometendo não apenas glamour, mas também uma atitude renovada. O evento, que já foi um dos maiores símbolos da sexualização exagerada e da padronização de corpos femininos, surge agora com uma proposta mais inclusiva e diversa. Esta nova fase busca abraçar diferentes tipos de corpos e identidades, na tentativa de reconquistar um público que, nos últimos anos, se distanciou da marca.
Modelos renomadas, como Gisele Bündchen, Adriana Lima, Alessandra Ambrosio e Isabeli Fontana, que ajudaram a consolidar o sucesso da marca nas décadas de 1990 e 2000, estão entre as participantes. Além delas, destacam-se nomes como Valentina Sampaio, a primeira mulher trans a desfilar pela grife, e a icônica Tyra Banks, a primeira angel negra, que retorna após quase 20 anos.
Diversidade e Inclusão: Um Novo Capítulo
O retorno da Victoria’s Secret marca uma tentativa de reparação da imagem da marca, que sofreu severas críticas no passado pela falta de representatividade. No ano passado, a marca lançou o documentário “The Tour”, uma forma de promover sua nova proposta mais inclusiva. A narrativa agora inclui mulheres plus size, transgêneras e de diferentes etnias, tentando deixar para trás o legado de racismo, gordofobia e transfobia que mancharam sua reputação.
Dentre as novidades desta nova fase do Victoria’s Secret Fashion Show, Valentina Sampaio, a primeira modelo trans da Victoria’s Secret, é uma das grandes apostas. Além dela, Paloma Elsesser, modelo plus size, e Tess McMillan fazem parte do novo elenco, que pretende refletir a diversidade e pluralidade da beleza feminina. Essa virada de posicionamento é uma resposta às críticas que, nos últimos anos, mostraram como a marca estava desalinhada com as demandas sociais por maior representatividade.
Polêmicas que Mancharam o Passado da Marca
A Victoria’s Secret sempre esteve no centro de grandes polêmicas. Uma das mais lembradas é a declaração de Ed Razek, ex-diretor de marketing da marca, que, em 2018, afirmou que modelos plus size e transgêneras não faziam parte da proposta da grife. Segundo ele, a marca não queria representar “o mundo inteiro”, uma fala que causou indignação e afastou muitos consumidores.
Além disso, as revelações sobre Leslie H. Wexner, ex-CEO da Victoria’s Secret, e sua ligação com Jeffrey Epstein, condenado por tráfico sexual, colocaram a marca em uma posição delicada. Epstein se aproveitou de sua proximidade com Wexner para se infiltrar no universo da Victoria’s Secret, aliciando mulheres sob o pretexto de oportunidades de modelagem. Uma dessas vítimas, a atriz Alicia Arden, revelou ter sido assediada por Epstein sob esse disfarce, levantando sérias questões sobre o ambiente permissivo que a marca havia criado.
Outro ponto de forte crítica foi a constante exaltação da magreza extrema, que dominava o palco dos desfiles e influenciava os padrões de beleza da época. A grife glorificava um ideal de corpo inatingível para a maioria das mulheres, e as modelos eram constantemente pressionadas a manter padrões corporais insustentáveis. Esse culto à magreza e à juventude – muitas modelos tinham entre 19 e 20 anos – contribuiu para uma imagem de superficialidade que afastou grande parte do público ao longo dos anos.
Um Futuro com Mais Representatividade?
O hiato de seis anos permitiu à Victoria’s Secret reavaliar seu posicionamento. A queda nas vendas e o desinteresse do público forçaram a marca a reconhecer suas falhas e, em 2022, o documentário “Angels and Demons” expôs os bastidores desse império de fantasia que, durante décadas, perpetuou a sexualização exagerada do corpo feminino. Com o retorno dos desfiles, a marca busca reconstruir sua identidade em um mundo onde a diversidade e a inclusão se tornaram pautas centrais.
Embora o retorno da Victoria’s Secret Fashion Show pareça promissor, muitos críticos apontam que a marca ainda tem um longo caminho pela frente. A inclusão de modelos como Valentina Sampaio e Paloma Elsesser é um avanço, mas o público espera que essa diversidade vá além do marketing e se reflita em uma mudança real nos valores da grife.
A nova campanha “The Icons” é um exemplo desse esforço de renovação. Ao lado de modelos como Hailey Bieber, Emily Ratajkowski e Lila Grace Moss, Valentina e Paloma estrelam o que pode ser o início de uma era mais inclusiva para a marca. Essa diversidade, antes inimaginável no universo da Victoria’s Secret, é um sinal de que a moda está finalmente se adaptando às demandas contemporâneas.
Desafios para o Futuro
Apesar da tentativa de reinvenção, a Victoria’s Secret ainda enfrenta desafios significativos para se manter relevante. A marca precisa não apenas atualizar sua imagem, mas também se reconectar com o público feminino, que se distanciou em razão das controvérsias. A promessa de mais diversidade precisa ser cumprida com consistência e autenticidade, pois o público atual é muito mais exigente e crítico.
Além disso, o mercado de lingerie mudou. Novas marcas, como Savage X Fenty, fundada pela cantora Rihanna, trouxeram um conceito de moda íntima mais inclusiva e representativa, elevando o padrão para a concorrência. Para competir, a Victoria’s Secret terá que se reinventar completamente, ou arrisca continuar sendo vista como uma relíquia de tempos ultrapassados.
A volta do “Victoria’s Secret Fashion Show” representa um marco para a moda e a indústria da lingerie, que busca abraçar a diversidade e deixar para trás os padrões irreais que dominaram o setor por décadas. Com um elenco mais inclusivo e uma proposta de maior representatividade, a marca tenta se reinventar em meio às mudanças sociais e culturais. No entanto, o desafio está em manter essa postura inclusiva de forma genuína, superando as polêmicas do passado e construindo uma nova identidade alinhada com as demandas atuais.