Piercing Bucal: riscos, cuidados essenciais e orientações de especialistas
O piercing bucal, seja na língua, nos lábios ou na região próxima à cavidade oral, tornou-se um dos adornos corporais mais populares entre os jovens. Muito além da estética, ele é visto como uma forma de expressão de atitude, rebeldia e estilo. No entanto, o que muitos usuários desconhecem são os riscos associados à perfuração nessa região sensível do corpo, onde a presença constante de bactérias aumenta a probabilidade de complicações.
Especialistas em odontologia alertam que a decisão de colocar um piercing bucal exige informações detalhadas, escolha criteriosa do profissional e, principalmente, cuidados rigorosos de higienização. Negligenciar esses pontos pode resultar em infecções graves, danos irreversíveis aos dentes e gengivas e até complicações sistêmicas com risco de vida.
A origem do piercing bucal e sua popularidade atual
O piercing, de forma geral, acompanha a humanidade desde a antiguidade. Civilizações antigas utilizavam o adorno com finalidades ritualísticas, religiosas ou de status social. No caso do piercing bucal, embora não seja o mais comum historicamente, ele ganhou espaço na cultura contemporânea por transmitir ousadia e personalidade.
Hoje, é comum encontrá-lo em diferentes pontos da boca: língua, lábios, freios labiais e linguais, além da região perioral (ao redor dos lábios). Esse crescimento da prática, no entanto, veio acompanhado de um alerta cada vez mais frequente de dentistas e conselhos odontológicos sobre os riscos do piercing bucal.
Principais riscos do piercing bucal
A cavidade oral é um ambiente úmido, constantemente exposto a bactérias. Ao perfurar a região, cria-se uma porta de entrada para agentes infecciosos. Entre os principais riscos estão:
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Infecções locais: acúmulo de placa bacteriana no local da perfuração ou na própria joia pode causar inflamação, dor, mau hálito e, em casos graves, necrose tecidual.
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Risco sistêmico: uma infecção não tratada pode se espalhar pelo organismo, gerando problemas como endocardite bacteriana.
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Danos nos dentes e gengivas: desgaste do esmalte, retração gengival, fraturas dentárias e maior suscetibilidade à cárie.
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Complicações funcionais: salivação excessiva, dificuldades de pronúncia, mastigação e deglutição.
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Acidentes graves: há registros de broncoaspiração da joia, o que pode levar à asfixia.
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Lesões nos tecidos moles: úlceras, fibromas, hiperplasias e até reações liquenoides.
Esses problemas tornam o piercing bucal um adorno de alto risco quando comparado a outras regiões do corpo.
Piercing de dente: riscos e cuidados
Nos últimos anos, popularizou-se também o chamado “piercing de dente” ou “ponto de luz”, que consiste em uma pequena joia colada sobre o esmalte dental. Apesar de parecer mais seguro, especialistas reforçam que o risco continua presente.
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O adorno pode facilitar infiltrações e surgimento de cáries.
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Se não for instalado por um cirurgião-dentista qualificado, há o risco de desgaste desnecessário do esmalte.
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A escolha da joia deve ser criteriosa, evitando asperezas que possam ferir os lábios.
A recomendação é clara: o piercing de dente deve ser colocado exclusivamente por um profissional da odontologia, com acompanhamento regular para avaliar a saúde bucal.
Cuidados indispensáveis para quem decide colocar piercing bucal
Mesmo cientes dos riscos, muitos jovens optam por manter o piercing bucal como forma de identidade visual. Para reduzir as complicações, é fundamental adotar medidas preventivas:
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Escolha do profissional e do local:
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Procure estúdios de body piercing licenciados pela vigilância sanitária.
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Certifique-se de que os materiais utilizados sejam descartáveis e esterilizados.
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Verifique se o profissional possui conhecimento em anatomia orofacial.
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Seleção da joia:
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Cuidados pós-colocação:
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Higienizar a boca após cada refeição e antes de dormir.
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Retirar a joia periodicamente para limpeza completa.
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Usar antissépticos bucais recomendados por dentistas.
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Sinais de alerta:
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Inchaço prolongado, dor intensa, sangramento constante, secreção purulenta ou mau hálito persistente devem ser investigados imediatamente.
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Consultas regulares:
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O acompanhamento com um cirurgião-dentista a cada três meses ajuda a identificar e tratar complicações precocemente.
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Piercing bucal e complicações a longo prazo
Muitos usuários acreditam que, após a cicatrização, o risco de complicações diminui. No entanto, especialistas reforçam que os efeitos do piercing bucal podem se manifestar anos depois. Entre eles:
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Desgaste progressivo dos dentes devido ao atrito com a joia.
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Alterações na gengiva, que podem levar à perda dentária.
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Interferências em exames odontológicos de imagem.
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Aumento da probabilidade de infecções recorrentes.
Essas consequências mostram que o piercing bucal exige atenção contínua, mesmo após anos de uso.
O papel da informação na decisão
Antes de adotar qualquer tipo de piercing bucal, é essencial que o paciente tenha acesso a informações claras sobre os riscos, cuidados e limitações. O adorno pode até simbolizar liberdade e estilo, mas, quando negligenciado, compromete a saúde bucal de forma séria.
A decisão deve ser tomada de forma consciente, com respaldo de profissionais da saúde e com disciplina para manter os cuidados diários.
O piercing bucal é um adorno que envolve riscos significativos para a saúde, desde problemas estéticos até complicações graves. Embora seja uma forma legítima de expressão, deve ser tratado com responsabilidade. Escolher profissionais qualificados, adotar uma rotina rigorosa de higiene e realizar consultas periódicas com dentistas são atitudes indispensáveis para reduzir os riscos.
Quem opta por usar piercing bucal deve compreender que estilo e saúde precisam andar juntos.
Agradecimento: Major Model