O estilo coquette vem ganhando notoriedade dentro e fora das redes sociais, atraindo a atenção de jovens e adultos que buscam um visual ultrafeminino e romântico. Com elementos como laços, rendas e tons pastéis, o coquette é uma tendência que mistura referências do passado com um toque contemporâneo, sendo muito mais do que apenas uma escolha estética — é uma forma de reivindicar a feminilidade e autoexpressão. Mas afinal, o que está por trás desse estilo que tem dominado as passarelas e os feeds do Instagram?
A origem e evolução do estilo coquette
O termo “coquette” remonta à França do século 17 e era usado para descrever uma pessoa amorosa, flertadora e que se apresentava de maneira atraente por meio do romantismo e vaidade. Desde então, essa estética, que valoriza a feminilidade, passou por várias fases de rejeição e aceitação dentro da sociedade, especialmente quando olhada sob a lente de movimentos feministas e de questões de gênero.
No século 21, o estilo coquette ressurge com força, principalmente com a viralização do balletcore no TikTok. Essa tendência, caracterizada por roupas que remetem ao balé, como saias de tule e sapatilhas, inspirou coleções de marcas renomadas, como a Miu Miu, que trouxe de volta o uso da sapatilha no mundo da moda. Com isso, o coquette passou a ser visto como uma evolução natural do balletcore, incorporando elementos rococós inspirados na figura icônica de Maria Antonieta, especialmente na versão cinematográfica dirigida por Sofia Coppola.
Características do estilo coquette
O coquette se destaca por uma série de elementos que remetem à delicadeza e ao romantismo, mas com uma pegada moderna. Os principais itens que definem esse estilo são:
- Corsets: Peças que moldam o corpo e ressaltam a cintura, remetendo a uma era de glamour e sensualidade.
- Rendas e transparências: Esses tecidos aparecem em diversos looks coquette, criando um jogo de mostra e esconde que sugere uma sensualidade sutil.
- Laços: Presentes em vestidos, blusas e até acessórios, os laços são uma das marcas registradas desse estilo.
- Tons pastel: Rosa bebê, azul claro e lilás são algumas das cores predominantes, reforçando a ideia de uma feminilidade suave.
- Camisolas de seda: Elas reforçam o conforto e a sensualidade discreta, sendo incorporadas em looks para além do ambiente doméstico.
O visual, no entanto, não se limita à delicadeza. A estética coquette também traz modelagens inusitadas e recortes estratégicos, permitindo que cada pessoa interprete a tendência de forma única, adaptando-a ao seu próprio estilo.
A reapropriação da feminilidade
Um dos pontos mais marcantes do estilo coquette no século 21 é a sua reapropriação de elementos historicamente associados ao universo feminino, que antes eram rejeitados ou minimizados como “futilidades. Laços, rendas e cores suaves, que muitas vezes foram vistos como símbolos de fragilidade ou superficialidade, agora se tornam ferramentas poderosas de autoexpressão. Isso reflete uma mudança de percepção sobre o que significa ser feminina nos dias de hoje.
Esse movimento subverte a ideia de que o feminino está sempre associado à fraqueza ou passividade, mostrando que itens tradicionalmente vistos como “de menina” podem ser, na verdade, uma forma de poder e autoafirmação. Assim, o estilo coquette representa uma nova onda de feminilidade, que não tem vergonha de abraçar a delicadeza, mas que também é forte e confiante.
Influência das marcas de luxo no estilo coquette
Marcas como Sandy Liang, Simone Rocha e Cecilie Bahnsen são grandes responsáveis pela consolidação do estilo coquette no cenário da moda de luxo. Essas grifes apostam em peças com uma estética ultrafeminina, que mescla o clássico e o contemporâneo, criando uma fusão única de romantismo e modernidade.
Simone Rocha, em particular, é um dos nomes mais associados ao coquette, especialmente com suas coleções que apresentam peças volumosas, tecidos rendados e muitos laços. Sua interpretação do estilo vai além da moda, buscando questionar e explorar a relação entre feminilidade, poder e vulnerabilidade.
Outra marca que se destaca nesse movimento é a Miu Miu, que reintroduziu a sapatilha, um item clássico que reflete perfeitamente a estética coquette, com sua delicadeza e funcionalidade. Além disso, a Miu Miu também tem explorado o balletcore, que se conecta diretamente com a proposta coquette de resgatar elementos tradicionais do guarda-roupa feminino e dar a eles um novo significado.
A força do coquette nas redes sociais
As redes sociais, especialmente o Instagram e o TikTok, desempenham um papel fundamental na disseminação do estilo coquette. Influenciadoras e criadoras de conteúdo têm adotado essa estética em seus looks do dia, maquiagem e até na decoração de interiores. A hashtag #coquette acumula milhões de visualizações, tornando-se um verdadeiro fenômeno digital.
Essa viralização do estilo nas redes reflete um desejo crescente de abraçar a feminilidade de maneira autêntica e sem amarras. O coquette, nesse sentido, não é apenas uma tendência passageira, mas um movimento que simboliza a liberdade de cada pessoa de se expressar da forma que deseja, sem medo de julgamentos.
O futuro do estilo coquette
O estilo coquette não mostra sinais de que irá desaparecer tão cedo. Pelo contrário, sua popularidade só tende a crescer à medida que mais pessoas descobrem a beleza e a complexidade por trás dessa estética. As grandes marcas de moda continuam a apostar em peças coquette, e as redes sociais seguem como palco para a criatividade de quem adota esse estilo em seu dia a dia.
Além disso, o coquette abre espaço para uma discussão mais ampla sobre os padrões de beleza e feminilidade impostos pela sociedade. Ele nos faz refletir sobre como elementos tradicionalmente femininos podem ser vistos como ferramentas de empoderamento e autoafirmação, ao invés de símbolos de fragilidade.
O estilo coquette é muito mais do que uma tendência de moda passageira. Ele representa uma reapropriação da feminilidade e um movimento de autoexpressão que desafia as noções tradicionais do que significa ser feminina. Com influências do balletcore, do rococó e da moda contemporânea, o coquette continua a conquistar espaço no mundo da moda e nas redes sociais, sendo uma forma poderosa de reivindicar o direito de ser “apenas uma garota”, com toda a complexidade e força que isso carrega.