Amir Slama SPFW N60 celebra 35 anos de carreira e lança movimento Fashion for Forests em desfile histórico
O estilista Amir Slama marcou seu retorno triunfante à São Paulo Fashion Week (SPFW N60) com um desfile memorável que celebrou 35 anos de moda praia e reafirmou sua importância como um dos grandes nomes da moda brasileira. Conhecido como o criador da categoria beachwear de alta moda, Slama apresentou uma coleção que combinou memória, inovação e ativismo ambiental — um tributo à sua própria trajetória e à força criativa da Amazônia.
O desfile, realizado no dia 19 de outubro, reuniu um casting estrelado com nomes icônicos das passarelas, como Claudia Liz, Isabella Fiorentino, Gianne Albertoni, Pathy Dejesus, Cassia Ávila e Vivi Orth, em uma atmosfera nostálgica e ao mesmo tempo vanguardista.
Um retorno que faz história
A presença de Amir Slama no SPFW N60 carrega um simbolismo especial. O estilista participou da primeira edição do evento, ainda sob o nome Morumbi Fashion, com sua icônica marca Rosa Chá. Desde então, sua trajetória se entrelaça à própria história da moda nacional, com desfiles que sempre aliaram sensualidade, brasilidade e sofisticação técnica.
Dessa vez, Slama optou por revisitar os marcos de sua carreira sob uma nova perspectiva. A coleção propôs um diálogo entre passado e presente, entre o Brasil moderno e o Brasil ancestral, e mostrou como o olhar contemporâneo da moda pode se reconectar com suas raízes culturais e ambientais.

A Amazônia como inspiração central
Nos últimos anos, Amir Slama tem se dedicado a pesquisas na Amazônia, viajando para a região em busca de vivências e referências autênticas. Essa imersão se tornou o fio condutor da coleção apresentada no SPFW N60, que reflete o contato direto do estilista com a riqueza da natureza brasileira, sua diversidade de cores, texturas e formas orgânicas.
O desfile apresentou cores primárias e tons terrosos, explorando nuances de marrom, verde e variações da cor da pele como representação da diversidade e da pluralidade brasileira. A cartela de cores simboliza a interconexão entre o corpo humano e a floresta, enquanto os tecidos ecológicos e as texturas artesanais reforçam o compromisso com a sustentabilidade.
Além disso, a coleção dialoga com a obra do artista Glauco Rodrigues, referência da arte pop brasileira nos anos 1970, que retratava o Brasil com uma estética vibrante e, ao mesmo tempo, crítica. Slama reinterpretou esse legado em estampas tropicais e modernas, trazendo à passarela um olhar político e poético sobre o país.
Moda praia de alta moda: o legado de Amir Slama
Ao longo de sua carreira, Amir Slama foi responsável por revolucionar o conceito de moda praia no Brasil. Antes dele, o beachwear era visto apenas como funcional. Com seu olhar artístico e domínio técnico, o estilista transformou o biquíni em peça de luxo e símbolo de estilo.
Durante o SPFW N60, o designer revisitou algumas de suas construções icônicas, apresentando modelagens sofisticadas e cortes precisos que evidenciam o corpo de forma elegante e escultural. As peças masculinas também marcaram presença, confirmando a versatilidade e a fluidez da marca.
Entre os destaques, estavam maiôs estruturados, biquínis com detalhes em metal, túnicas fluídas e saídas de praia feitas com tecidos sustentáveis. Cada look traduz o equilíbrio entre sensualidade e elegância, características que tornaram Slama um nome essencial no cenário da moda internacional.
Fashion for Forests: moda a serviço da preservação
Um dos momentos mais marcantes do desfile foi o lançamento do movimento global “Fashion for Forests”, iniciativa criada por Amir Slama em parceria com a ativista indígena Txai Suruí e a empreendedora Catarina Bellino.
O projeto tem como objetivo usar a moda como plataforma de conscientização ambiental e valorização das vozes indígenas, promovendo ações de reflorestamento da Amazônia.
Durante o desfile, foi apresentada a primeira “tree-shirt” da campanha — uma camiseta especial com propósito sustentável: para cada unidade vendida, uma árvore será plantada no território Paiter Suruí, em Rondônia. A ação será realizada em colaboração com o programa Pamine Reforestation, responsável por mais de 1 milhão de árvores plantadas na região.
A arte como ferramenta de transformação
A tree-shirt apresentada no desfile do SPFW N60 traz uma estampa assinada pela modelo e artista plástica Claudia Liz, que também participou da passarela. O desenho simboliza as árvores como pulmões do planeta, representando a conexão vital entre natureza e humanidade.
A camiseta será comercializada globalmente pela Farfetch, ampliando o alcance do movimento e consolidando o compromisso do estilista com causas ambientais e sociais.
A colaboração entre arte e moda reforça a visão de Slama de que o design deve ser usado como meio de reflexão e transformação. Nesse sentido, o Fashion for Forests não é apenas um projeto, mas um manifesto em defesa do planeta.
Sustentabilidade e inovação nos tecidos
A coleção também destacou o uso de materiais ecológicos e técnicas artesanais. Tecidos com apelo sustentável, como fibras orgânicas, malhas recicladas e tecidos tecnológicos de baixo impacto ambiental, marcaram presença.
Slama demonstrou como a moda brasileira pode liderar o caminho da sustentabilidade, sem abrir mão da sofisticação estética. O resultado foi uma passarela que combinou inovação, propósito e beleza, reafirmando que a moda consciente é uma tendência irreversível.
Um desfile que une passado, presente e futuro
Com o SPFW N60, Amir Slama não apenas comemorou 35 anos de carreira, mas também reafirmou sua capacidade de se reinventar. A coleção é uma síntese perfeita de sua trajetória: o olhar refinado da Rosa Chá, a sensualidade do beachwear de luxo e a consciência ambiental que define a moda contemporânea.
Ao revisitar sua própria história, Slama mostrou que o verdadeiro luxo está em reconhecer a origem, respeitar o meio ambiente e projetar o futuro com responsabilidade.
O desfile também reforça a importância de articular arte, natureza e cultura — valores que têm guiado a trajetória do estilista desde o início.
Um marco na moda brasileira
O retorno de Amir Slama ao SPFW N60 foi recebido com entusiasmo pelo público e pela crítica. Seu trabalho transcende tendências e reafirma a relevância da moda como expressão artística e ferramenta de transformação social.
Mais do que uma comemoração, a apresentação foi um manifesto em defesa da Amazônia e um convite à reflexão sobre o papel da moda em um mundo em crise climática.
A mensagem final de Slama é clara: é possível celebrar a beleza e o design sem esquecer a urgência de cuidar do planeta.






































