Dario Mittmann SPFW N60: moda, ironia e crítica social em um desfile que transforma o luxo em performance
O estilista Dario Mittmann consolidou-se como um dos nomes mais provocativos da nova geração da moda brasileira. Na SPFW N60, ele levou à passarela uma coleção que ultrapassa o conceito de vestuário para se tornar uma performance sobre poder, ambição e cultura urbana. Inspirado no jogo Monopoly — o clássico tabuleiro que simboliza a disputa por riqueza e propriedades — o designer apresentou o desfile “Monopoly: Young Money”, uma reflexão contemporânea sobre as novas formas de vencer dentro e fora da passarela.
O universo criativo de Dario Mittmann
Desde o início de sua trajetória, Dario Mittmann nunca tratou a moda como uma simples vitrine de roupas. Suas criações são narrativas visuais que combinam ironia, crítica social e humor inteligente. Já colocou Deborah Secco vestida de robô para representar a inteligência artificial e fez desfiles inspirados no streetwear falsificado, explorando os paradoxos do consumo e do status.
Na SPFW N60, o estilista resgata esse mesmo espírito provocador, unindo estética pop, crítica social e storytelling em um espetáculo visual que questiona as estruturas de poder e o significado do sucesso.
Monopoly: Young Money — o novo luxo sob outra ótica
O nome do desfile, “Monopoly: Young Money”, já anuncia a inversão de lógica que Mittmann propõe. Em um mundo obcecado por heranças e legados de “old money”, o criador celebra a ascensão da nova geração, que conquista espaço e fortuna por mérito, carisma e criatividade.
No lugar da discrição aristocrática, o desfile exalta a energia das ruas, a irreverência dos empreendedores digitais, artistas independentes e influenciadores que redefinem o conceito de poder econômico. Essa narrativa se manifesta em uma alfaiataria com perfume streetwear, onde blazers amplos, calças esportivas e recortes arrojados constroem a imagem de uma juventude que busca liberdade sem abrir mão do estilo.
A proposta é clara: substituir o luxo herdado pelo luxo conquistado. Em vez de ostentar, a coleção fala de autenticidade e movimento, elementos que definem a cultura urbana contemporânea.
O equilíbrio entre alfaiataria e streetwear
Na coleção apresentada por Dario Mittmann na SPFW N60, a alfaiataria tradicional ganha proporções modernas e esportivas. O designer brinca com a ideia de um executivo que, ao sair do escritório, está pronto para correr ou dançar — um híbrido entre o universo corporativo e o urbano.
Os ternos aparecem com volumes amplos, tecidos leves e cortes assimétricos. As modelagens fogem do convencional e sugerem fluidez, como se o corpo se movimentasse em liberdade. O contraste entre formalidade e descontração é um dos pontos centrais da narrativa visual, transformando a roupa em um manifesto sobre flexibilidade e autenticidade.
Cores, volumes e ironia visual
A estética de Dario Mittmann SPFW N60 é marcada pela mistura de exagero, ironia e teatralidade. Casacos de pelúcia em tons vibrantes convivem com camisas metalizadas e conjuntos de moletom com inscrições em pedrarias. As minissaias pregueadas surgem combinadas a botas de vinil vermelho, remetendo à mistura entre o lúdico e o sensual.
O desfile também trouxe vestidos de tule, renda e organza em tons pastel e efeito iridescente, explorando o lado fantasioso do universo do jogo. O equilíbrio entre o humor e o glamour torna o espetáculo um dos mais comentados da temporada, reafirmando o talento de Mittmann para traduzir mensagens complexas em moda acessível e divertida.
A estreia dos acessórios label de Dario Mittmann
Entre as novidades, um dos momentos mais marcantes do desfile foi o lançamento da primeira linha de acessórios da label. As peças seguem o DNA irreverente do estilista, unindo design lúdico e crítica visual. Bolsas em formato de e-mail, dado, casa e maleta de escritório surgem como metáforas das dinâmicas de trabalho e status na era digital.
Esses acessórios não são apenas complementos, mas elementos narrativos, símbolos do jogo moderno em que se misturam vida profissional, imagem pública e ambição pessoal.
O casting que reflete o espírito “Young Money”
O desfile de Dario Mittmann na SPFW N60 não se destacou apenas pelas roupas, mas também pelo casting simbólico. No lugar de modelos tradicionais, o estilista escolheu nomes que representam sucesso construído com esforço e talento próprio — uma metáfora perfeita para o tema do espetáculo.
Entre os convidados estavam Xamã, Duquesa, MC PH, Kayblack, Paulinho (do Palmeiras) e Grag Queen. Cada um deles representa uma trajetória de superação e autenticidade, reforçando a ideia de que o novo luxo está na liberdade de ser quem se é.
Essa escolha também traduz a essência inclusiva e democrática da marca: a moda como plataforma de expressão, onde cada indivíduo pode ser protagonista de sua própria história.
Humor, crítica e autenticidade: a essência de Mittmann
Ao longo dos últimos anos, Dario Mittmann tem construído um repertório sólido de moda performática, capaz de unir crítica social e estética vibrante. Seus desfiles questionam o papel da moda como símbolo de status, propondo uma reflexão sobre o que significa ter poder no século XXI.
Na SPFW N60, o estilista reafirma seu compromisso com a liberdade criativa e o olhar crítico sobre o mercado. Cada peça carrega uma dose de ironia e teatralidade, mas também um profundo entendimento da cultura pop e do comportamento contemporâneo.
SPFW N60 e a nova geração de criadores brasileiros
A SPFW N60 reforça o papel de Dario Mittmann como uma das vozes mais originais da cena brasileira. Seu trabalho dialoga com a geração digital, que vê a moda não apenas como vestimenta, mas como plataforma de discurso e identidade.
A provocação de Mittmann se alinha ao movimento global de criadores que transformam desfiles em performances conceituais, nas quais cada look é um fragmento de uma narrativa maior. No caso de “Monopoly: Young Money”, essa narrativa fala sobre autonomia, conquista e subversão das hierarquias tradicionais do luxo.
A filosofia Young Money: vencer à própria maneira
O conceito de Young Money, segundo o estilista, é uma resposta direta à ideia ultrapassada de que o sucesso depende de heranças ou conexões. Mittmann celebra quem cria o próprio império com autenticidade, unindo trabalho, criatividade e propósito.
Essa filosofia se reflete não apenas na estética do desfile, mas também na sua postura no mercado. Desde que entrou para o line-up oficial da SPFW, o designer demonstra que o caminho da moda autoral brasileira pode ser ousado, performático e economicamente viável.
Com seu humor característico, o estilista costuma afirmar que a jornada é feita de degraus infinitos — e que o segredo é manter os pés no chão e a cabeça nas nuvens. Uma metáfora perfeita para quem equilibra arte, empreendedorismo e irreverência.
O impacto cultural da coleção
A coleção Dario Mittmann SPFW N60 ultrapassa o universo da moda e entra no campo do comentário cultural. Ao transformar o jogo Monopoly em metáfora, o estilista convida o público a refletir sobre a corrida capitalista contemporânea, onde status, consumo e imagem são peças do mesmo tabuleiro.
Seu desfile se torna uma espécie de espelho social, no qual os símbolos do luxo são distorcidos com humor, revelando as contradições do desejo moderno. É essa combinação de inteligência estética e provocação que coloca Mittmann entre os nomes mais relevantes da nova geração de criadores.
Moda como manifesto
A presença de Dario Mittmann na SPFW N60 reafirma a potência criativa do estilista e sua capacidade de usar a moda como instrumento de reflexão. O desfile “Monopoly: Young Money” não é apenas uma coleção, mas um manifesto sobre autonomia, irreverência e transformação cultural.
Mittmann continua a provar que o verdadeiro luxo está em criar, questionar e inspirar — não em herdar. E com isso, consolida-se como um dos principais representantes da moda autoral brasileira, capaz de unir crítica social, performance e estilo em uma só narrativa.












































