Alessandro Michele e o desfile de alta-costura da Valentino verão 2025: um espetáculo de arte, caos e tradição
O primeiro desfile de alta-costura de Alessandro Michele como diretor de criação da Valentino foi um marco na moda contemporânea. Apresentado como um verdadeiro espetáculo teatral, o desfile do Valentino verão 2025 alta-costura misturou tecnologia, artesanato e referências históricas, consolidando a visão única de Michele e sua reverência ao legado da maison.
Michele, conhecido por seu trabalho revolucionário na Gucci entre 2015 e 2022, trouxe para a Valentino uma estética que remete aos anos 1960 e 1970 da marca, mas com um toque contemporâneo e surrealista. Em entrevistas, o estilista já afirmou ser um grande admirador de Valentino Garavani, e essa admiração transbordou na coleção Vertigineux, apresentada em Paris.
O cenário: um teatro da moda
O desfile aconteceu em um espaço montado como um teatro, com arquibancadas íngremes e uma passarela que simulava um palco. Ao fundo, um letreiro vermelho exibia palavras aparentemente aleatórias, mas que, na verdade, eram parte das extensas listas de referências criadas por Michele para cada look. Essas listas, inspiradas nas ideias do escritor Umberto Eco sobre a infinitude e o caos, serviram como base conceitual para a coleção.
A ambientação foi cuidadosamente planejada para provocar sensações de vertigem e desorientação, refletindo o nome da coleção: Vertigineux, que significa “tonto” ou “desorientado” em francês. Flashes de luz, letreiros luminosos e a arquitetura do espaço contribuíram para essa experiência imersiva.
A coleção: uma viagem no tempo
A coleção Valentino verão 2025 alta-costura é uma celebração da história da moda, da arte e da cultura. Cada look foi meticulosamente construído a partir de referências que vão desde a commedia dell’arte e a Idade Média até o modernismo e a alta-costura dos anos 1990. Michele não poupou detalhes: diamantes, vitrais, crinolinas e tecidos como crepe de chine foram combinados de maneira harmoniosa, mas ao mesmo tempo caótica.
Um dos destaques foi a justaposição de elementos díspares, uma característica marcante do trabalho de Michele. Looks que pareciam ter sido transportados de séculos passados ganharam vida com máscaras, acessórios surrealistas e saias imensas, criando um contraste entre o clássico e o contemporâneo. A riqueza manual das peças também chamou a atenção, com acabamentos minuciosos que reforçam a diferença entre prêt-à-porter e alta-costura.
Homenagem ao legado de Valentino Garavani
Apesar de toda a extravagância, Michele manteve um profundo respeito pelo legado de Valentino Garavani. Looks como os números 12, 15, 26 e 38 foram claras homenagens às criações icônicas dos anos 1960, 1970 e 1980, atualizadas com a estética contemporânea de Michele. Esses momentos de conexão entre o passado e o presente foram os mais emocionantes do desfile, mostrando como a tradição e a inovação podem coexistir de maneira orgânica.
O futuro da alta-costura
O desfile do Valentino verão 2025 alta-costura não foi apenas uma apresentação de roupas, mas uma experiência sensorial que desafia as convenções da moda. Michele provou que a alta-costura pode ser ao mesmo tempo uma obra de arte e um reflexo da complexidade do mundo moderno. Sua capacidade de unir referências históricas, artesanato meticuloso e uma visão futurista solidificou seu lugar como um dos estilistas mais importantes da atualidade.
Para os amantes da moda, o desfile foi um lembrete de que a alta-costura vai muito além das tendências passageiras. É uma forma de expressão artística que transcende o tempo, e Alessandro Michele é um mestre nessa arte.