Câncer colorretal: sintomas, diagnóstico precoce e como identificar sinais que podem passar despercebidos
O câncer colorretal é uma das doenças oncológicas mais incidentes no Brasil e no mundo. Segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA), cerca de 45 mil novos casos surgem anualmente no país, tornando essa neoplasia uma das principais ameaças à saúde pública. Apesar da gravidade, a detecção precoce é capaz de salvar milhares de vidas, já que quando diagnosticado em estágios iniciais, as chances de sobrevivência ultrapassam 90%.
Muitas vezes, sinais sutis são ignorados pela população, retardando o diagnóstico e diminuindo as chances de tratamento eficaz. Reconhecer os sintomas iniciais é fundamental para impedir que a doença evolua silenciosamente.
O que é o câncer colorretal
O câncer colorretal se desenvolve no intestino grosso, especificamente no cólon ou no reto. Trata-se de uma doença que geralmente começa a partir de pólipos — pequenas formações benignas que podem crescer ao longo do tempo e se transformar em tumores malignos.
Esse tipo de câncer é mais frequente em pessoas acima dos 50 anos, mas também tem crescido entre adultos mais jovens devido a mudanças de hábitos alimentares, sedentarismo e histórico familiar.
Sintomas que podem passar despercebidos
Diversos sinais iniciais do câncer colorretal são frequentemente confundidos com problemas gastrointestinais comuns. Entre os principais, destacam-se:
1. Anemia por deficiência de ferro
A presença de fadiga persistente, palidez, palpitações, dores de cabeça e falta de ar pode ser reflexo de uma anemia oculta. Tumores no intestino podem causar sangramentos internos lentos e contínuos, resultando em deficiência de ferro mesmo sem sinais evidentes de sangue nas fezes.
2. Alterações nos hábitos intestinais
Mudanças repentinas no ritmo intestinal, como episódios frequentes de diarreia, prisão de ventre prolongada ou fezes mais finas do que o normal, são indícios importantes. Embora muitas vezes atribuídas a dietas ou estresse, essas alterações podem indicar crescimento anormal no cólon ou no reto.
3. Perda de peso inexplicável
O emagrecimento rápido ou progressivo, sem justificativas como mudanças na alimentação ou aumento da atividade física, deve ser investigado. O câncer consome energia extra do corpo e altera o metabolismo, causando perda de peso significativa sem motivo aparente.
4. Desconforto abdominal constante
Cólicas, inchaços e dores abdominais frequentes podem ser confundidos com gastrite, síndrome do intestino irritável ou má digestão. Porém, quando persistentes, esses sinais podem indicar inflamações, obstruções ou crescimento tumoral no intestino.
5. Sangue nas fezes
Esse é considerado o sintoma mais preocupante. O sangue pode aparecer em duas formas: vermelho vivo, mais comum em hemorroidas, ou escuro, quando se origina de áreas mais altas do intestino. Muitas vezes, a presença de sangue só é detectada por meio de exames laboratoriais.
A importância do diagnóstico precoce
O câncer colorretal, quando descoberto em estágio inicial, apresenta altas taxas de cura. Estima-se que 90% dos pacientes diagnosticados precocemente sobrevivem por mais de cinco anos após o tratamento.
Exames de rastreamento, como a colonoscopia, são ferramentas essenciais para identificar pólipos antes que se tornem malignos. Pessoas com histórico familiar da doença ou com idade acima de 45 anos devem adotar uma rotina regular de consultas médicas e exames preventivos.
Fatores de risco para câncer colorretal
Além da idade e do histórico familiar, diversos fatores aumentam a probabilidade de desenvolver o câncer colorretal:
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Dieta rica em carnes vermelhas e processadas
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Consumo excessivo de álcool
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Tabagismo
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Sedentarismo
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Obesidade
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Doenças inflamatórias intestinais, como colite ulcerativa e doença de Crohn
O estilo de vida tem impacto direto na saúde intestinal, tornando fundamental a adoção de hábitos saudáveis para prevenir a doença.
Relação entre saúde bucal e câncer colorretal
Pesquisas recentes publicadas em revistas médicas de prestígio apontam que microrganismos encontrados na boca podem estar ligados ao desenvolvimento do câncer colorretal. A presença de determinadas bactérias periodontais aumenta o risco de inflamações no organismo, favorecendo o surgimento de tumores.
Por isso, especialistas reforçam a importância da higiene bucal. Escovar os dentes, usar fio dental e visitar regularmente o dentista não apenas previnem cáries e gengivite, mas também podem contribuir indiretamente para a proteção contra o câncer colorretal.
Impacto da doença no Brasil
No Brasil, o câncer colorretal é o segundo mais comum entre mulheres e o terceiro entre homens. Além dos 45 mil novos casos anuais, estima-se que aproximadamente 11 mil brasileiros morram por ano em decorrência da doença.
Esses números reforçam a necessidade de políticas públicas de conscientização, ampliação do acesso a exames preventivos e incentivo à adoção de hábitos de vida mais saudáveis.
Como prevenir o câncer colorretal
A prevenção é a melhor estratégia contra o câncer colorretal. Entre as principais recomendações médicas estão:
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Alimentação balanceada: rica em fibras, frutas, legumes e grãos integrais.
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Redução do consumo de carnes processadas: como embutidos, bacon e salsicha.
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Atividade física regular: pelo menos 150 minutos semanais de exercícios moderados.
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Controle do peso corporal: manter o índice de massa corporal (IMC) dentro da faixa saudável.
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Abandono do tabagismo e do consumo excessivo de álcool.
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Exames periódicos: especialmente colonoscopia após os 45 anos ou antes, em casos de histórico familiar.
Essas medidas reduzem significativamente as chances de desenvolvimento da doença.
Tratamentos disponíveis
Quando diagnosticado, o tratamento do câncer colorretal pode envolver diferentes abordagens, dependendo do estágio da doença:
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Cirurgia: remoção de parte do intestino afetado e, em alguns casos, dos linfonodos próximos.
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Quimioterapia: indicada em fases mais avançadas ou como complemento à cirurgia.
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Radioterapia: utilizada especialmente em tumores localizados no reto.
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Terapias-alvo e imunoterapia: abordagens modernas que buscam atacar células cancerígenas específicas, aumentando a eficácia do tratamento e reduzindo efeitos colaterais.
O sucesso do tratamento depende diretamente do diagnóstico precoce, reforçando a importância dos exames de rastreamento.
Conscientização e a importância da informação
A informação é uma poderosa ferramenta contra o câncer colorretal. Campanhas de conscientização, como o Março Azul, têm papel fundamental em alertar a população sobre a necessidade de prevenção, diagnóstico precoce e acompanhamento médico.
A quebra do tabu em torno da saúde intestinal e a disseminação de informações confiáveis são passos essenciais para reduzir os números alarmantes dessa doença no Brasil.
O câncer colorretal é uma realidade preocupante, mas que pode ser enfrentada com informação, prevenção e diagnóstico precoce. Reconhecer os sintomas, realizar exames regulares e adotar hábitos saudáveis são atitudes fundamentais para reduzir os riscos e aumentar as chances de cura.
Com a detecção antecipada, até 90% dos pacientes têm chance de viver por mais de cinco anos após o tratamento. Portanto, cuidar da saúde intestinal deve ser prioridade para todos os brasileiros.