Hermès impulsiona mercado de luxo com alta nas vendas de bolsas Birkin em 2025
Crescimento sólido mesmo em cenário global desafiador
Em meio a um mercado de luxo pressionado por tarifas e mudanças de comportamento do consumidor, a Hermès se destacou no segundo trimestre de 2025 com um crescimento sólido nas vendas de suas icônicas bolsas Birkin. A maison francesa registrou um aumento de 9% nas receitas em comparação ao mesmo período de 2024, alcançando € 3,9 bilhões, superando as expectativas do setor.
A força da marca e sua estratégia focada em exclusividade e alto padrão de qualidade posicionaram a Hermès como a empresa de luxo mais valiosa do mundo em termos de capitalização de mercado, ultrapassando, inclusive, a gigante LVMH.
Bolsas Birkin seguem como símbolo máximo de desejo
O maior impulso nesse desempenho veio da divisão de artigos de couro da Hermès, com destaque para as bolsas Birkin e Kelly. A demanda por esses produtos, que são limitados propositalmente pela marca, permanece muito superior à oferta, mantendo sua aura de exclusividade.
O crescimento orgânico de 12% na divisão de couro reflete não apenas a força das bolsas Birkin como produto de desejo entre clientes ultrarricos, mas também a eficácia da Hermès em proteger sua imagem de luxo extremo. O preço inicial de uma bolsa Birkin gira em torno de € 10 mil, podendo ultrapassar facilmente os € 100 mil em modelos mais raros ou personalizados.
Estratégia comercial diante do “tarifaço” nos EUA
Apesar das incertezas geradas pelo aumento das tarifas de importação nos Estados Unidos — como os 15% aplicados pelo governo Trump no chamado “dia da libertação” —, a Hermès mostrou resiliência. A empresa ajustou os preços para compensar o impacto das tarifas, especialmente no mercado norte-americano, onde as vendas cresceram surpreendentes 12,3% no trimestre.
A Hermès indicou que não pretende realizar novos reajustes em 2025, após a atualização de preços feita em maio. Para o CEO Axel Dumas, os valores atuais já absorvem os efeitos tarifários sem comprometer a margem de lucro nem a atratividade da marca.
Mercado global: desafios e oportunidades
O crescimento da Hermès ocorre em um cenário desafiador para o setor. Enquanto a LVMH viu suas vendas caírem 4% e a Kering enfrenta dificuldades com a marca Gucci, a Hermès conseguiu se manter acima da curva, principalmente por sua base de clientes fidelizados e ultrarricos — perfil que é menos sensível a crises ou flutuações cambiais.
Na Ásia-Pacífico (excluindo Japão), a marca reportou um crescimento de 3%, mesmo com a queda dos gastos com produtos de luxo por parte dos consumidores chineses, afetados por incertezas econômicas locais. Ainda assim, a Hermès mantém confiança no potencial de longo prazo do mercado chinês.
Segmentos que merecem atenção
Embora as bolsas Birkin e Kelly continuem como carro-chefe, outros segmentos da Hermès demonstraram sinais mistos. A divisão de moda cresceu 6% e a de seda, 4%, enquanto a unidade de relojoaria apresentou queda no período. Já os lenços de seda e produtos de beleza tiveram retração de 4% no primeiro semestre, indicando menor interesse dos consumidores em produtos de entrada da marca.
Essa mudança de comportamento evidencia um declínio no número de consumidores aspiracionais — aqueles que compram ocasionalmente itens mais acessíveis da marca. O foco estratégico, portanto, permanece nos clientes regulares e de altíssimo poder aquisitivo, que continuam impulsionando as vendas dos produtos mais icônicos.
Base de clientes seletiva é diferencial competitivo
A Hermès mantém uma política restritiva de distribuição das bolsas Birkin e Kelly, o que amplia ainda mais o apelo aspiracional das peças. A escassez artificial e a personalização exclusiva reforçam o status das bolsas como símbolos máximos de luxo, desejo e sofisticação.
Essa estratégia, aliada ao atendimento sob medida e ao relacionamento próximo com os clientes VIPs, garante à Hermès uma posição de destaque no mercado global de artigos de luxo. A empresa parece imune aos efeitos da “comoditização” que ameaça marcas que apostam em produtos de massa.
O futuro das bolsas Birkin e do setor de luxo
Apesar de pressões externas como tarifas, volatilidade cambial e comportamento de consumo mutável, a perspectiva da Hermès segue positiva. A estratégia de foco no altíssimo luxo, aliada à produção artesanal e limitada, sustenta a imagem da marca e mantém alta a demanda por suas bolsas Birkin.
O segmento de ultra-luxo tende a permanecer resiliente, mesmo diante de instabilidades econômicas. Investidores e analistas seguem atentos à capacidade da Hermès de manter margens elevadas e aumentar valor de mercado em um setor cada vez mais competitivo.