Polêmica com Sydney Sweeney e American Eagle: entenda por que a campanha “Great Jeans” gerou reação nas redes sociais
Campanha de moda ou sinalização de ideologias? A internet debate o comercial “Sydney Sweeney Has Great Jeans”
A atriz e modelo Sydney Sweeney, conhecida por seu papel em produções como Euphoria, tornou-se o centro de uma tempestade digital após protagonizar a nova campanha da American Eagle intitulada “Sydney Sweeney Has Great Jeans”. O que inicialmente parecia uma ação publicitária leve e criativa, acabou sendo alvo de acusações sobre padrões de beleza, simbologia racista, e até mesmo de supremacia branca. A questão principal girou em torno de um trocadilho entre as palavras “jeans” e “genes”, que levantou discussões inflamadas sobre estética, eugenia e representatividade na indústria da moda.
O trocadilho entre “jeans” e “genes”: onde tudo começou
No dia 23 de julho de 2025, a American Eagle lançou sua campanha de outono com Sydney Sweeney como estrela principal, com o slogan “Sydney Sweeney Has Great Jeans”. A proposta da ação publicitária era brincar com o duplo sentido entre “jeans” (calça jeans) e “genes” (composição genética). No vídeo promocional, a atriz aparece explicando o conceito de genes enquanto usa calça jeans da marca. No fim do clipe, a narração diz: “Sydney Sweeney tem jeans incríveis”.
Apesar da proposta descontraída, o público não recebeu a mensagem da mesma forma. O que deveria ser uma campanha de moda divertida rapidamente se transformou em campo de batalha ideológico e cultural nas redes sociais.
As críticas: padrões estéticos, eugenia e supremacia branca
Usuários de plataformas como TikTok e X (antigo Twitter) foram os primeiros a levantar críticas contra o vídeo. Muitos alegaram que a escolha da atriz — uma mulher branca, loira e de olhos azuis — associada ao termo “genes incríveis”, reforçava estereótipos de beleza eurocêntrica e poderia ser interpretada como uma alusão sutil à eugenia, conceito pseudocientífico historicamente ligado a ideais supremacistas.
Críticos mais incisivos apontaram que, ao destacar os “genes azuis” da atriz (referência à cor dos olhos), a campanha resvalava em simbolismos associados à “pureza genética”. Em tempos de debates profundos sobre inclusão, diversidade e representatividade, muitos viram o comercial como um retrocesso e uma glorificação de um padrão estético excludente.
A repercussão nas redes sociais: polarização e cancelamento
A campanha de Sydney Sweeney American Eagle dividiu opiniões de forma intensa nas redes. De um lado, internautas acusaram a marca de promover uma “moda branca”, sem diversidade e com viés elitista. Do outro, surgiram defensores da atriz e da campanha, que classificaram as críticas como exageradas e fruto da chamada “cultura do cancelamento”.
Alguns usuários sugeriram que a peça publicitária se encaixava na sigla BEIGE (Boring, Eugenics-Inspired, Gentrification-Enhancing), termo usado para criticar conteúdos considerados esteticamente genéricos, elitistas e culturalmente insensíveis. Outros sugeriram que o problema não era a campanha em si, mas a ausência de diversidade de corpos, cores e culturas no elenco da campanha.
Comparações com o passado: a sombra da Calvin Klein
A crítica à campanha de Sydney Sweeney American Eagle também remeteu à publicidade feita nos anos 1980 pela Calvin Klein, estrelada por Brooke Shields. Na época, Shields, com apenas 15 anos, protagonizou anúncios considerados sexualizados e polêmicos. O paralelo levantado pelos críticos visava demonstrar que, mesmo após décadas de evolução social, a indústria da moda ainda recorre a figuras femininas padrão como alicerce de suas campanhas.
Diferentemente de Shields, Sweeney é uma adulta que tem mais controle sobre sua imagem, mas o debate reacende a discussão sobre até que ponto a publicidade de moda ainda se apoia em arquétipos ultrapassados.
O fator político: quando o marketing se mistura à ideologia
A polêmica em torno da campanha extrapolou os limites do mundo da moda e adentrou o cenário político. Figuras da direita norte-americana aproveitaram a controvérsia para criticar o que consideram exageros da esquerda e da militância progressista. A Fox News, por exemplo, classificou a reação como uma nova tentativa da “cultura do cancelamento” de atacar mulheres bonitas. O senador republicano Ted Cruz chegou a ironizar o caso, sugerindo que a esquerda se incomoda com a beleza feminina tradicional.
Para complicar ainda mais a situação, surgiram relatos de que Sydney Sweeney está registrada como republicana na Flórida desde 2024, o que gerou comentários positivos do ex-presidente Donald Trump. O apoio político inesperado ampliou o alcance da polêmica e consolidou o caráter ideológico do debate.
Feminismo, patriarcado e o corpo da mulher
Não é a primeira vez que Sydney Sweeney se vê no centro de discussões sobre feminismo e padrões estéticos. Em outras ocasiões, a atriz já foi criticada por ações vistas como sexualização excessiva. Um exemplo recente foi sua campanha com o sabonete Dr. Squatch, no qual o produto era descrito como feito com água do próprio banho da atriz. Parte da audiência considerou a ação como uma forma de empoderamento, enquanto outros enxergaram como submissão ao olhar masculino.
A dualidade entre o desejo de se afirmar e o risco de ser objetificada é um dilema constante para mulheres no entretenimento — e Sweeney, como figura pública, carrega esse fardo de maneira ainda mais intensa.
O posicionamento da American Eagle
Diante da avalanche de críticas, a American Eagle divulgou uma nota explicando que a campanha “Sydney Sweeney Has Great Jeans” sempre teve o foco nos jeans da marca e no estilo da atriz. A empresa afirmou que continua comprometida em celebrar a individualidade de seus consumidores e que seus jeans são para todos.
O tom da declaração foi objetivo e evitou qualquer confronto direto, mas não chegou a apaziguar o debate. Para muitos críticos, faltou a marca reconhecer o impacto simbólico de suas escolhas estéticas e de casting.
Sydney Sweeney responde?
Até o momento da publicação desta matéria, Sydney Sweeney não se manifestou publicamente sobre a repercussão negativa. Essa postura de silêncio pode ser interpretada de diversas formas: estratégia de comunicação, tentativa de não amplificar a controvérsia ou simples desejo de não se envolver em disputas políticas.
De todo modo, a ausência de resposta também deixa espaço para especulações e reforça o clima de tensão em torno da atriz e da marca.
O marketing na era da vigilância cultural
A campanha da American Eagle com Sydney Sweeney é um exemplo claro de como a publicidade atual precisa ser construída com atenção redobrada. Em um ambiente digital onde as mensagens são dissecadas em tempo real, o contexto importa — e muito. Uma ação que ignora a diversidade e o simbolismo pode sair do controle em poucas horas, gerando crises de imagem e repercussão negativa global.
Não é mais possível vender moda apenas com estética: é preciso considerar o impacto social, o discurso por trás das escolhas visuais e, principalmente, quem é representado — e quem fica de fora.
A lição deixada pela campanha “Sydney Sweeney Has Great Jeans”
A polêmica em torno da campanha da Sydney Sweeney American Eagle é multifacetada. Por um lado, temos uma tentativa de criar uma peça publicitária com humor e estilo. Por outro, a ausência de representatividade e o uso de simbologias genéticas acionaram gatilhos de uma sociedade cada vez mais consciente.
O que era para ser apenas uma campanha de jeans virou um debate sobre política, estética, cultura e feminismo. E o principal aprendizado para marcas e celebridades é claro: em 2025, não existe publicidade inocente — tudo comunica, tudo reverbera, e tudo será interpretado.